terça-feira, 25 de junho de 2013

[Eu amo agora], de Casimiro de Brito


Eu amo agora
eu amo a linguagem eu amo
a boca materna
mas o que eu mais amo
é o caos a nudez
o corpo original o
animal que devora
o outro animal
que se deixa comer
pelo seu desigual

Amo a língua
porque só ela
a língua de carne
a carne incendiada
pode inventar
o canto e a voz
da fonte muda

(in Amo Agora; ed. 4águas, 2009)