(Transpor o "Livro do Desassossego" em filme é um exercício complicado. Especialmente se esse produto cinematográfico seguir de perto o texto de Bernando Soares (já assistira há uns anos a uma adaptação teatral mais ou menos feliz do mesmo texto, encenada por Ricardo Pais).
O "Filme de Desassossego", de João Botelho (um dos cineastas portugueses que sigo com interesse), constitui uma tentativa bastante interessante (e que comunica com a sua primeira película, "Conversa Acabada", sobre a relação entre Pessoa e Sá-Carneiro). Um fotografia sem mácula, uma realização muito boa que, a meu ver, apenas falha um pouco na montagem da segunda metade do filme (existem alguns saltos demasiado bruscos e sem articulação aparente; além disso, dispensava a dramatização da música do Eurico Carrapatoso, registo que me pareceu completamente descontextualizado). Os cenários não podiam ser melhor escolhidos (julgo que Lisboa ganha com este filme), e os múltiplos atores desta "história" (sem história) ajudaram ao resultado final.)
O "Filme de Desassossego", de João Botelho (um dos cineastas portugueses que sigo com interesse), constitui uma tentativa bastante interessante (e que comunica com a sua primeira película, "Conversa Acabada", sobre a relação entre Pessoa e Sá-Carneiro). Um fotografia sem mácula, uma realização muito boa que, a meu ver, apenas falha um pouco na montagem da segunda metade do filme (existem alguns saltos demasiado bruscos e sem articulação aparente; além disso, dispensava a dramatização da música do Eurico Carrapatoso, registo que me pareceu completamente descontextualizado). Os cenários não podiam ser melhor escolhidos (julgo que Lisboa ganha com este filme), e os múltiplos atores desta "história" (sem história) ajudaram ao resultado final.)