em cada coisa procurada,
na parte íntima,
no miolo e na casca,
nas árvores,
nos quartos desarrumados
e nas dispensas,
nas coisas que se dizem
de um para outro lado,
de pais para filhos,
reclinada na almofada
a tua mão no livro,
oh, as coisas que se amam devagar,
os quintais, as laranjas, os balouços,
e que a nossa dor toda seja
cumprida, inteira, ampla,
guardada em cada passo e depois,
porque a nós chega o que é chegado,
e que a nossa dor seja como a água
e seja.
(in Guarda-me contigo entre as papoilas; ed Textiverso, 2014)
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