Pelo espaço, lentas, vagas sobre a hora,
Vão na acalmia branca da demora,
Ao fim do dia, calmas, ternas, graves.
No vento passam, leves, e suaves,
Brancas como o tempo, pela tarde fora,
Caem co a calma as aves, logo agora
Ao fim do dia, calmas, ternas, graves.
Ainda à distância, esquece-as o céu
Pelo horizonte onde esperam ir ter
Levadas como sonhos brancos, breves.
Quando da noite cair o negro véu,
Hão-de saber então que vão morrer
No fim do dia, calmas, brancas, leves.
* Verso de Francisco Sá de Miranda.
(in Crescente Branco; ed. Campo das Letras, 2004)