presença destas fontes onde a água
jorra para ninguém. A transparência
é como outro sentido a que se acresce
aquilo que o vazio nos entrega
ao tornar-se na dobra que marcava
o lugar onde há muito está suspensa
a leitura que fosse como um líquido
que nas mãos se derrame. Ali se vê
o texto que ficasse indecifrável
até que nele possam fixar-se
os nossos olhos que depois esperam
a vinda da palavra que procura
um rumor mais antigo, esta pronúncia.
(in Relâmpago. Revista de Poesia, 29-30; 2012)