segunda-feira, 28 de setembro de 2015

"Os mochos", de Charles Baudelaire

Sob alguns teixos que os abrigam
Lá estão os mochos, enfileiram;
Tal como os deuses estrangeiros,
Dardejam o rubro olhar. Meditam.

Sem se mexer lá ficarão
Até à hora melancólica
Em que, empurrando o oblíquo sol,
As trevas se estabelecerão.

Essa atitude ensina ao sábio
Que neste mundo há que temer
Todo o tumulto e movimento;

O ébrio das sombras que passam
Arrastará sempre o castigo
De outro lugar ter pretendido.

(in As Flores do Mal; trad. Fernando Pinto do Amaral, ed. Assírio & Alvim, 1996)

Sem comentários: