Onde estenda à vontade o meu velho esqueleto,
Desejo eu mesmo abrir uma cova profunda
E como um tubarão dormir no esquecimento.
Odeio os mausoléus, odeio os testamentos,
E em vez de suplicar as lágrimas do mundo,
Preferia convidar os corvos lazarentos
A sangrar cada naco da carcaça imunda.
Sem ouvidos nem olhos, vermes! companheiros,
Vede a ir ter convosco um morto prazenteiro;
Filhos da podridão, filósofos da estúrdia,
Sobre as minhas ruínas ide sem remorsos
E dizei se ainda existem algumas torturas
Prò meu corpo sem alma e bem morto entre os mortos!
(in As Flores do Mal; trad. Fernando Pinto do Amaral, ed. Assírio & Alvim, 1996)
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