nós é que estamos distraídos.
Não pensamos, ouvimos falar na televisão
pessoas que pensam que estão a pensar
e assim ganham a sua vida.
Dói-nos a vida, mas dizem-nos que merecemos,
porque pensámos em viver do mesmo modo
que as pessoas que pensam que estão a pensar
e falam na televisão.
Agora as pessoas que pensam que estão a pensar
e ganham a vida na televisão
dizem-nos que perdemos a nossa
e é bem feito
e ainda devia doer mais!
O quotidiano não cega: nós
é que estamos distraídos.
(in A Misericórdia dos Mercados; ed. Assírio & Alvim, 2014)
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