entre a solidão e a vida,
esse jardim onde as flores
crescem para dentro de si próprias,
esse destino sem lugar no mapa.
Voltar à poesia, porque mais nada
cresceu entretanto,
nem palavras nem coisas.
Adivinhávamos promessas no terror dos tempos
e continuámos a andar como se houvesse caminho.
Voltar à poesia, a esta distância sem rumo nem projecto,
voltar à poesia para estar mais longe
do que sou.
(in A Misericórdia dos Mercados; ed. Assírio & Alvim, 2014)
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