domingo, 1 de junho de 2008

"Glenn Gould", poema de Inês Lourenço dedicado a Thomas Bernhard


Procuras o som, a morte de ti mesmo,
centro do teu corpo a percussão que sonhas
límpida,
respiras como as cordas vibram
nessa invenção de vozes
mutuamente perseguidora.

Célere e luminoso expulsas da pauta
os ornatos falsos, os amantes fáceis,
desapossado estás de ti e possuído
pela audível construção impossivelmente perfeita
Steinway Glenn, Glenn Steinway só para Bach.

(in Um Quarto com Cidades ao Fundo)

Sem comentários: