sábado, 14 de junho de 2008

AJ, V

Sempre que penso uma cousa, traio-a.
Só tendo-a diante de mim devo pensar nela,
Não pensando, mas vendo,
Não com o pensamento, mas com os olhos.
Uma cousa que é visível existe para se ver,
E o que existe para os olhos não tem que existir para o pensamento;
Só existe directamente para os olhos e não para o pensamento.

Olho, e as cousas existem.
Penso e existo só eu.
Alberto Caeiro
(in Poesia)

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