Curiosa, a auto-imagem: a mediocridade que se reconhece com desconforto, a mediania que se não vê ainda que óbvia, a originalidade mais ou menos presumida, and so on, and so on... O querer, afinal, que nos façam justiça...
* * *
Caixadòclos
- Patriazinha iletrada, que sabes tu de mim?
- Que és o esticalarica que se vê.
- Público em geral, acaso o meu nome...
- Vai mas é vender banha de cobra!
- Lisboa, meu berço, tu que me conheces...
- Este é um dos que fala sozinho na rua...
- Campdòrique, então, não dizes nada?
- Ai tão silvatávares que ele vem hoje!
- Rua do Jasmim, anda, diz que sim!
- É o do terceiro, nunca tem dinheiro...
- Ó Gaspar Simões, conte-lhes Você...
- Dos dois ou três nomes que o surrealismo...
- Ah, agora sim, fazem-me justiça!
- Olha o caixadòclos todo satisfeito
a ler as notícias...
Alexandre O'Neill
(in Poesias Completas)
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