Na minha insuficiente biblioteca de Poesia terei, no máximo, uns três ou quatro poemas do Jorge de Sena, dispersos em compilações várias. Um Poeta esquecido? Talvez não tanto, mas seguramente pouco lembrado quando considerada a dimensão (qualitativa, entenda-se) da sua obra.
Os poemas que já li (felizmente mais do que os três os quatro acima referidos) permitiram-me perceber que aprecio o poeta (bem mais que o ficcionista e o ensaísta - não considero o dramaturgo, porque nunca investi nessa faceta do autor). Neste dia - em que se assinalam trinta anos do seu desaparecimento - publico um poema de Jorge de Sena.
Os poemas que já li (felizmente mais do que os três os quatro acima referidos) permitiram-me perceber que aprecio o poeta (bem mais que o ficcionista e o ensaísta - não considero o dramaturgo, porque nunca investi nessa faceta do autor). Neste dia - em que se assinalam trinta anos do seu desaparecimento - publico um poema de Jorge de Sena.
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Fidelidade
Fidelidade
Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?
Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.
como a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?
Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.
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