sexta-feira, 13 de junho de 2008

O inédito de Caeiro, no dia dos 120 anos do nascimento de Pessoa

Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa algures e algures acaba
E que longe e atrás disso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não havia tempo.
Porque há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.

(Leitura e transcrição de Richard Zenith,
publicada no jornal "Público", 13 de Junho de 2008)

Sem comentários: