quarta-feira, 25 de março de 2015

[Oiço tanta coisa de vós], de Paul Celan

Oiço tanta coisa de vós
que não oiço mais
do que ouvir,

vejo tanta coisa de vós
que não vejo mais
do que ver,

tanta coisa me assedia
com desconversa
que dou por mim a falar
com quem conversa,
que dou por mim
a falar como quem
fica em silêncio.

Eu vivo, forte.

(in A Morte É Uma Flor. Poemas do Espólio; trad. João Barrento, ed. Cotovia, 1998)

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