(Este fim de semana li um livro de Mia Couto - «Raiz de Orvalho e Outros Poemas». Ainda que diferentes dos poemas de um outro livro (mais recente) que já lera do autor, vários foram os versos que me conseguiram encantar; muitos transcrevi, qual anacrónico copista, num dos meus inúteis cadernos (anacronicamente manuscritos). Às vezes, neste livro, o autor escreveu o que eu, há quanto tempo, quero dizer - ou, mais ainda, escreveu o que eu queria ter entendido dentro de mim para poder, se não dizer, ao menos calar (mas calar em consciência).
Ler um livro de poemas é quase sempre um passatempo sereno, mesmo que invariavelmente inútil. Aprende-se a nossa língua, certamente (depreende-se, com sorte, o que sentimos); mas não se aprende a beleza, os bons sentimentos ou qualquer coisa que se possa parecer com a vida... Na vida, somos só nós - face à beleza, aos (bons ou maus) sentimentos, à vida; e cada um com sua espingarda - e não vou ao encontro das metáforas já de todos conhecidas. Li Mia Couto. Agora, pela lógica deste blogue - mas que lógica?, meu Deus, que lógica? - devia publicar um poema, ou somente um verso. Não: hoje, escrevo este parágrafo para me poder sentir culpado com mais razão - não publiquei sequer um verso, apesar de haver versos (oh!, tantos!), não foi possível o poema, mesmo havendo muitos para ler...).
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