não sei porque te chamo assim,
não falavas francês,
mas isto provavelmente terias
entendido,
talvez eu to diga numa língua
estrangeira
por causa da distância,
conseguiríamos amar-nos
apenas assim:
não muito de perto.
Estávamos sentados
em velhas tabernas,
bebíamos um riesling
ou um šipon
ou, mais frequentemente,
qualquer vinho ácido,
falávamos
das coisas mais comuns.
A vida parava
por trás das portas,
a uma distância segura.
Parecia impetuosa de mais
para lhe dar um nome.
Tínhamos medo,
mon père,
das palavras fortes de mais.
Agora és apenas
uma foto na parede
e um túmulo num bonito cemitério.
Acendo-te uma lamparina,
trago-te flores.
Não a ti,
aos teus ossos.
Conto-te
tantas coisas.
E tu calado.
Apenas a tua lápide.
Com as datas.
De – a.
Meu Deus,
que coisas os filhos não dizem
hoje aos pais.
Aos vivos e aos mortos.
Mon père,
nenhum era
como tu.
Tão só,
tão meu,
tão pai,
perdido neste mundocomo eu.
(in Treze Poetas Eslovenos)
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