de afirmação. Afirmo
que vivo e que não vivo só.
Poesia é futuro: pensar
na próxima semana, em outro país
e em ti mesmo quando velho.
Poesia é a minha respiração, empurra
meus pés às vezes hesitantes
sobre a terra que pede movimento.
Voltaire acometido de varíola
salvou-se ingerindo entre outras coisas
120 litros de limonada: isso é poesia.
Ou então a ressaca. Quebrada
nas rochas não se deixa derrotar,
refaz-se: e isso é poesia.
Cada palavra que se escreve
é um atentado contra a velhice.
Afinal a morte vence, isso é certo,
mas a morte é apenas silêncio na sala
depois de ressoar a última palavra.
A morte é emoção.
(in Uma Migalha na Saia do Universo. Antologia da poesia neerlandesa do século vinte, trad. Fernando Venâncio)
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