sábado, 26 de abril de 2014

[Ver], de António Ramos Rosa

Ver
e já não ver
ao rés do solo
ao rés da página

O fulgurante espaço
de um instante
e o sulco que inscrevo e desaparece
e logo esqueço na brancura

Mas é preciso acabar a frase
saudando com as antenas de um insecto
o vento que na folha cintila
vindo do nada pontiagudo esparso
com todo o amor do ar vazio

(in Resumo - a poesia em 2013; ed. Documenta, 2014)

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