quinta-feira, 18 de abril de 2013

Um punhado mais de versos de Casimiro de Brito

Do amor, da sua página em branco,
sempre vivi, umas vezes da luz
que dele emana, e tanto me cegou,
outras vezes das penas escuras
que depois amanhecem,
e até cantei.
Caindo e cantando vou morrendo,
em arco me vou dobrando tão devagar
quanto posso: há um lume que me consome
e só em ti me perco e só ela,
a página branca do amor,
me salva.

(in Amar a Vida Inteira; ed. Roma Editora, 2011)