sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pessoa, fé e obra

Poema após poema, íntimo, escrevia
Aquela grande obra do seu ser
Que nunca em tempo algum alguém leria
E que ele via o universo a ler.

Era mais que poeta: era profeta,
E os seus versos errados e divinos
Toca a rebate o que nele era poeta,
Mas numa torre que não tinha sinos.

Viveu assim, feliz do que escreveu,
Morreu, deixando a obra como sobra
Da alma que fora... Mas, meu Deus, e eu?
Eu que nem tenho a fé nem tenho a obra?

(in Poesia 1934-1935 e não datada)

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