(Nas últimas páginas desse romance que Jorge de Sena não reviu nem concluiu, mas que, ainda assim, é uma obra com bastante interesse)
Como paredes através das quais
o mundo vemos pelo ser dos outros,
quem vamos conhecendo nos rodeia,
multiplicando as faces da gaiola
de que se tece em volta a nossa vida.
No espaço dentro (mas que não depende
do número de faces ou distância entre elas)
nós somos quem nós somos: só distintos
de cada um dos outros, para quem
apenas somos uma face em muitas,
pelo que em nós se torna, além do espaço
uma visão de espelhos transparentes.
Mas o que nos distingue não existe.
(in Sinais de Fogo)