em cadernos retirados a cada viagem. Neles
anotaste os movimentos do mundo, o balanço
do mar. São só velhos, os cadernos; ainda
escreves à mão, ainda respiras por ele,
ciência antiga - onde a conservas? Linha
a linha as viagens vão passando por eles como
um mapa: aqui as ilhas, ali pequenos continentes,
provas de que o mundo não acaba à tua porta
quando o jardim desaparece entre os granitos.
Levantas a voz uma vez por outra, mas não é
isso que te interessa. Gostavas apenas que
os cadernos ficassem, gravados de ti e de quem amas,
guardados em gavetas, guardando o mundo.
(in O Puro e o Impuro; ed. Quasi, 2003)
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