mostram-te como são dóceis ou difíceis, ou
como a morte se impede, por eles, de chegar
até ti. São uma barreira contra a morte,
os amigos, acaricias vagamente o seu rosto
ou a sua memória, as palavras não servem
para isso. Por eles vem a geometria do mundo,
neles se perde depois, nem que seja para sempre.
Vê como eles chegam e trazem vinho, tabaco,
vergonha, cartas antigas, recortes de jornais,
músicas que ouvimos antes. Depois sentam-se
chamam-te para o meio deles, emprestam-te
uma palavra ou outra, caminham com vagar,
riem, trazem coisas que esqueces por toda a casa.
(in O Puro e o Impuro; ed. Quase, 2003)