quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

"Nenhuma coisa", de Manuel António Pina

Estou sempre a falar de mim ou não. O meu trabalho
é destruir, aos poucos, tudo o que me lembra.
Reflexão e, ao mesmo tempo, exercício mortal.
Normalmente regresso a casa tarde, doente.

Desta maneira (e doutras -
a carne é triste, hélas!, e eu já li tudo)
ocupo o lugar imóvel do poema. Procuro o sentido
(vivo ou morto!) para o liquidar. Mas onde? E como? E quem?

Tudo o que acaba e começa.
O que está entre as pernas, mudando de lugar.
(Que fazer e para quê?)

(in Todas as palavras. Poesia reunida; ed. Assírio & Alvim, 2012)

2 comentários:

Anónimo disse...

A POESIA É SUBLIME
É O REPOUSAR DO ESPÍRITO
VIVER O QUE NÃO SE VIVE
DENTRO DE NÓS É O SENTIR
DO CORPO VOANDO NO ESPAÇO.

P.R. disse...

Obrigado pelo seu comentário. PR