quinta-feira, 10 de maio de 2012

"A propulsão dos versos", de João Rui de Sousa

A eclosão dos versos acompanha
a propulsão das naves.

Embora ligados ao terrestre
de um chão de traves fundas,
afundadas na pedra e na armadura
de duras construções,
os versos também seguem (quase erectos)
do ponto zero de arranque às aves
do futuro - da matéria do mundo
a um destino cego.

(in Quarteto para as próximas chuvas; ed. Dom Quixote, 2008)