que chegava e partia:
estarmos os dois
era um calor
que arrefecia
sem antes nem depois…
Era um segredo
sem ninguém para ouvir:
eram enganos
e era um medo,
a morte a rir
nos nossos verdes anos...
Teus olhos não eram paz,
não eram consolação.
O amor que o tempo traz
o tempo o leva na mão.
Foi o tempo que secou
a flor que ainda não era.
Como o Outono chegou
no lugar da Primavera!
No nosso sangue corria
um vento de sermos sós.
Nascia a noite e era dia,
e o dia acabava em nós…
O que em nós mal começava
não teve nome de vida:
era um beijo que se dava
numa boca já perdida.
(in Retábulo das Matérias (1956-2001))
2 comentários:
Adoro este belíssimo poema que, em conjunto com uma magnífica melodia de Mestre Carlos Paredes, acabou, e muito bem de servir de música de fundo de um filme que a minha geração de septuagenários adorou: "Verdes Anos" de Paulo Rocha, também ele um mestre, no retrato que faz e que, quanto a mim é muito bem dado no poema, de uma juventude urbana e insegura face a um mundo em colapso...
José Cláudio
Mis disculpas: Soy español, y no puedo escribir en portugues, pero admiro la cultura portuguesa. Admiro profundamente a Zeca Afonso y Carlos Paredes. Y a muchos mas... A traves de la musica de Carlos Paredes - al que tuve la enorme suerte de ver en Bruselas, ya enfermo, probablemente en una de sus ultimas actuaciones - y de su magnifica melodia, tuve tambien la suerte de ver el precioso film de Paulo Rocha, y a traves de ambos de conocer la poesia de Pedro Tamen.
Que enorme cultura nos perdemos en España cuando nos dedicamos a mirarnos en el ombligo.
Un abrazo, amigos portugueses
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