segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

"Poema", de Gerrit Komrij

O primeiro verso é para começar,
O segundo é o penúltimo do fundo.
O terceiro dá terreno para avançar.
O quarto vai rimar com o segundo.

O quinto prega-nos uma partida.
O sexto abate os custos mais de um terço.
O sétimo é conversa distraída.
O oitavo seriíssimo. Ou o inverso.

O nono conta o mesmo por inteiro.
O décimo é, se calha, desilusão.
O undécimo é só o décimo primeiro.
O duodécimo é de nada a conclusão.

(in Contrabando, uma antologia poética; trad. Fernando Venâncio)

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