quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Outro poema de Sandro Penna
Feliz quem é diferente
e é diferente.
Mas ai de quem é diferente
e é igual.
e é diferente.
Mas ai de quem é diferente
e é igual.
(in No Brando Rumor da Vida; trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo)
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Poema de Sandro Penna
O mar está todo azul.
O mar está todo calmo.
No coração há quase um grito
de alegria. E tudo está calmo.
O mar está todo calmo.
No coração há quase um grito
de alegria. E tudo está calmo.
(in No Brando Rumor da Vida; trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo)
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
"Máscaras", Gerrit Komrij
O homem com a máscara brincando
Até chegar a hora em que o seu rosto
Partilhava com ela uma só vida:
Já miúdo a história me punha indisposto.
Negava-me a aceitar. Quando crescesse,
Ia mostrar que outra maneira havia:
Que cada máscara, sem dor ou risco,
Como um capuz tirar-se podia.
Fiz disso muito tempo um firme credo.
Escondi, confiante, a minha natureza.
Extinto o fulgor do jogo que eu fazia,
Teria ela a original pureza.
Hoje sou velho, só para admitir:
A história é real. A máscara agarrou-se´.
É como habituares-te ao inferno.
Como se olhar vazia cova fosse.
Até chegar a hora em que o seu rosto
Partilhava com ela uma só vida:
Já miúdo a história me punha indisposto.
Negava-me a aceitar. Quando crescesse,
Ia mostrar que outra maneira havia:
Que cada máscara, sem dor ou risco,
Como um capuz tirar-se podia.
Fiz disso muito tempo um firme credo.
Escondi, confiante, a minha natureza.
Extinto o fulgor do jogo que eu fazia,
Teria ela a original pureza.
Hoje sou velho, só para admitir:
A história é real. A máscara agarrou-se´.
É como habituares-te ao inferno.
Como se olhar vazia cova fosse.
(in Contrabando, uma antologia poética; trad. Fernando Venâncio)
"Poema", de Gerrit Komrij
O primeiro verso é para começar,
O segundo é o penúltimo do fundo.
O terceiro dá terreno para avançar.
O quarto vai rimar com o segundo.
O quinto prega-nos uma partida.
O sexto abate os custos mais de um terço.
O sétimo é conversa distraída.
O oitavo seriíssimo. Ou o inverso.
O nono conta o mesmo por inteiro.
O décimo é, se calha, desilusão.
O undécimo é só o décimo primeiro.
O duodécimo é de nada a conclusão.
O segundo é o penúltimo do fundo.
O terceiro dá terreno para avançar.
O quarto vai rimar com o segundo.
O quinto prega-nos uma partida.
O sexto abate os custos mais de um terço.
O sétimo é conversa distraída.
O oitavo seriíssimo. Ou o inverso.
O nono conta o mesmo por inteiro.
O décimo é, se calha, desilusão.
O undécimo é só o décimo primeiro.
O duodécimo é de nada a conclusão.
(in Contrabando, uma antologia poética; trad. Fernando Venâncio)
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
(Adeus tristeza)
Linda Martini interpretando "Adeus tristeza", no Santiago Alquimista, Lisboa (2009)
Haiku de Ryōkan
O ladrão
deixo-a na janela
A lua
deixo-a na janela
A lua
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