sábado, 25 de julho de 2009

"Perda", de Maria Teresa Horta

Não há dor maior
do que aquela de perder-te
nem na cor há mais cor
que nos teus olhos

Nem na cidade
saudade que se invente
que seja mais saudade
que aquela de não ver-te

(in Poesia Reunida)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

"Nós", de Maria Teresa Horta

Se puderes meu amor
dizer
não o escondas

pois esconder é esquecer
na saudade a maneira

que dizer meu amor
do amor
não prolonga

ou demora a distância
que em nós
se encadeia

(in Poesia Reunida)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

"Invento", de Maria Teresa Horta

Porque será meu amor
que sempre
na tua ausência tudo se suspende

e o vício de te ver é tanto
que em todo o sítio meu amor
te invento

(in Poesia Reunida)

terça-feira, 14 de julho de 2009

De novo, Nuno Rocha Morais

Não se cansa o ramo
Pese embora tanta neve -
Assim o amor por ti.

(in Últimos Poemas)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Quadra de Nuno Rocha Morais

Deveria ser dado que morrêssemos
Com um amor ainda vivo em nós,
Como deveria ser dado a um pássaro
Morrer naturalmente em pleno voo.

(in Últimos Poemas)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

(Música, outra vez)


Bar Kokhba no Festival de Marciac (2007), interpretando Geverah (Marc Ribot - guitarra; Mark Feldman - violino; Erik Friedlander - violoncelo; Greg Cohen - contrabaixo; Joey Baron - bateria; Cyro Baptista - percussões; John Zorn - compositor e maestro)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Três versos de Ruy Belo

(...)
O duche de água fria lava em mim a poesia
e sabe-me a sabão se sabe a alguma coisa
coisa tão suja como o é a poesia
(...)

(versos de "Meditação Anciã", in Todos os Poemas, vol. III)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Poema de Nuno Rocha Morais

Ao teu lado, mudo.
Suponho que pousei a mão
No teu ombro, não sei,
Ausentes ambos,
Tu do ombro, eu da mão.
Lá fora, não muito longe
Do vidro, a manhã passa
E é calma, tristeza, fim.

(in Últimos Poemas)

sábado, 4 de julho de 2009

(Bis)


Esbjörn Svensson Trio interpretando "When God Created The Coffee Break", ao vivo no Leverkuzener Jazzstage (2005)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

"Como aves, cuja passagem", de Nuno Júdice

Como sombras passaram entre nós,
como sombras. Uma vez perante alguns amigos
e desconhecidos, afirmei conhecê-los e citei
os seus nomes. Mas o que então correspondia
a um acto heróico, nada significa
hoje, mesmo entre amigos e desconhecidos.
Só se eu próprio
me tornar uma sombra, e também eu passar
a uma outra vida. Durante algum tempo
alguém falará de mim dizendo «conheci-o»,
ou «há tanto tempo, falei com ele». Mas
em breve outros se tornarão sombras,
e depois outros, até que o meu gesto
se confunda com esses, e todos por fim
se dissipem na obscuridade do tempo
passado.

(in Poesia Reunida, 1967-2000)