como se estivesse numa gaiola. Podia sair
pelos teus olhos, e voar de roda dos teus
cabelos, num movimento de carrossel. Podias
apanhá-lo com as mãos, e tocar as suas
asas, como se fossem um teclado, fazendo
ouvir a música do céu. Mas o rouxinol
não sai. Prefere que eu espreite para o
fundo dos teus olhos e o descubra, no
centro da tua cabeça, onde o guardas,
para que só eu possa ouvir o seu canto,
e imaginar as voltas que ele daria pelos
teus cabelos, se saísse de dentro de ti, e
me fizesse ouvir a música do céu quando
o prendesses com as mãos, para me dares
esse pássaro que não te quer deixar.
(in A Matéria do Poema)
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