sábado, 22 de novembro de 2014

[No cerne do planeta brilha o nome], de Luís Adriano Carlos

No cerne do planeta brilha o nome
de antiga deusa e a mensagem, luz
para se olhar e ver em seus sinais
visíveis e invisíveis. A ciência
procura conhecê-la, e o problema
é esse mesmo. Quanto à arte, não
a desconhece, porque se a inventou,
antiga imagem, densa em sua luz
perene. Olhemos o planeta, a Obra
em seu puro limiar, as reentrâncias.

(in Invenção do Problema; ed. Quasi, 2ª ed., 2006)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

[e todas as noites], de Carlos Lopes Pires

e todas as noites
esvazio o meu coração
para que nele possas entrar e as estrelas

é um tamanho
que nunca posso alcançar

e por isso todas as manhãs
as coisas do mundo voltam a entrar
mas tu não sais

porque tu entras e entras
repetidamente

no meu coração

(in Guarda-me contigo entre as papoilas; ed Textiverso, 2014)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

[Resolve-se a equação conforme o vento], de Luís Adriano Carlos

Resolve-se a equação conforme o vento,
na direcção que o conduzir. Resolve-se
apenas tudo deste modo simples,
sem sobressalto algum, por aparência.
Livre de fórmulas, o pesquisador
a si mesmo se faz a descoberta;
institui o problema, raciocina
em ritmos vários, por opção e dor:
atinge a conclusão em mortal centro,
evaporado código, repente.

(in Invenção do Problema; ed. Quasi, 2ª ed., 2006)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

[De invenção, de problemas e de afins], de Luís Adriano Carlos

De invenção, de problemas e de afins
vos dirá este livro em quanto seja
de seu alcance humano. Ilimitado
é o nobre tema que ao autor um dia
houve o azar de cair-lhe em pensamento.
Por isso menos do que mais dirá
sobre a matéria. Quem, por esperteza,
sorte, especialidade ou vocação,
chegar onde o autor não foi - chegou.
Nada revele até que a morte o leve.

(in Invenção do Problema; ed. Quasi, 2ª ed., 2006)