(Depois de uns dias em silêncio, regresso à poesia com um livro gentilmente oferecido pelo poeta Carlos Lopes Pires. Em breve conto partilhar com os seguidores do poemapossivel alguns poemas deste seu recente livro.)
sexta-feira, 30 de maio de 2014
quinta-feira, 8 de maio de 2014
"O encontro", de Luís Filipe Castro Mendes
Há um encontro que julgas ter perdido,
mas ninguém te esperava e tu não sabias!
mas ninguém te esperava e tu não sabias!
(in A Misericórdia dos Mercados; ed. Assírio & Alvim, 2014)
terça-feira, 6 de maio de 2014
"O Sul", de Jorge Luis Borges
De um de teus pátios ter olhado
as antigas estrelas,
e do banco da sombra ter olhado
essas luzes dispersas
que minha ignorância não aprendeu a nomear
nem a ordenar em constelações,
ter sentido o círculo da água
na secreta cisterna,
o cheiro do jasmim, da madressilva,
o silêncio do pássaro a dormir,
o arco do saguão, a humidade
- essas coisas talvez sejam o poema.
as antigas estrelas,
e do banco da sombra ter olhado
essas luzes dispersas
que minha ignorância não aprendeu a nomear
nem a ordenar em constelações,
ter sentido o círculo da água
na secreta cisterna,
o cheiro do jasmim, da madressilva,
o silêncio do pássaro a dormir,
o arco do saguão, a humidade
- essas coisas talvez sejam o poema.
(in Obra Poética - Vol. 1; ed. Quetzal, 2012; trad. Fernando Pinto do Amaral)
domingo, 4 de maio de 2014
"Ensaio sobre o quotidiano", de Luís Filipe Castro Mendes
O quotidiano não cega:
nós é que estamos distraídos.
Não pensamos, ouvimos falar na televisão
pessoas que pensam que estão a pensar
e assim ganham a sua vida.
Dói-nos a vida, mas dizem-nos que merecemos,
porque pensámos em viver do mesmo modo
que as pessoas que pensam que estão a pensar
e falam na televisão.
Agora as pessoas que pensam que estão a pensar
e ganham a vida na televisão
dizem-nos que perdemos a nossa
e é bem feito
e ainda devia doer mais!
O quotidiano não cega: nós
é que estamos distraídos.
nós é que estamos distraídos.
Não pensamos, ouvimos falar na televisão
pessoas que pensam que estão a pensar
e assim ganham a sua vida.
Dói-nos a vida, mas dizem-nos que merecemos,
porque pensámos em viver do mesmo modo
que as pessoas que pensam que estão a pensar
e falam na televisão.
Agora as pessoas que pensam que estão a pensar
e ganham a vida na televisão
dizem-nos que perdemos a nossa
e é bem feito
e ainda devia doer mais!
O quotidiano não cega: nós
é que estamos distraídos.
(in A Misericórdia dos Mercados; ed. Assírio & Alvim, 2014)
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