Metidos nesta pele que nos refuta, Dois somos, o mesmo que inimigos. Grande coisa, afinal, é o suor (Assim já o diziam os antigos): Sem ele, a vida não seria luta, Nem o amor amor.
Em que língua se diz, em que nação, Em que outra humanidade se aprendeu A palavra que ordene a confusão Que neste remoinho se teceu? Que murmúrio de vento, que dourados Cantos de ave pousada em altos ramos Dirão, em som, as coisas que, calados, No silêncio dos olhos confessamos?
Antes de vir para o Vale Formoso, convidaste-me para almoçar. Eu já tinha almoçado, mas era tanta a vontade de te ver que lá fui contigo comer chocos com tinta.
À mesa no Vale Formoso, e sem fome, às vezes punha-me a pensar que poderia não ser amor, mas era certamente alguma coisa séria o que me fazia almoçar duas vezes no mesmo dia.