Eu vou amor, mas deixo cá a vida, No calor desta cama que abandono, Areia dispersada que foi duna. Se a noite se fez dia, e com a luz O negro afastamento se interpõe, A escuridão da morte nos reúna.
É tarde, amor, o vento se levanta,
A escura madrugada vem nascendo,
Só a noite foi nossa claridade.
Já não serei quem fui, o que seremos
Contra o mundo há-de ser, que nos rejeita,
Culpados de inventar a liberdade.
(No outro dia falava com alguém sobre o prazer de percorrer as estantes de uma livraria e trazer um livro novo para casa. Nestes últimos tempos, não tenho acolhido muitos livros novos na minha biblioteca - fruto dos tempos difíceis, poder-se-ia acrescentar. Porém, hoje, aproveitando um vale e uma promoção, trouxe comigo a edição integral das Novelas Exemplares, de Cervantes. É um livro que conheço parcialmente - uma vez já li algumas das ditas novelas noutras traduções - e que, desde que vi esta edição, queria ter. Feliz oportunidade... e o livro até já tem, além daquele que estas linhas escreve, outro leitor interessado!)
tanto sou leitor como escritor. gosto de brincar em frente ao espelho, rasgar o branco com a caneta para me descobrir do outro lado, sentado num cadeirão, a ler atentamente o texto. como será esse texto?
(in DiVersos. Poesia e tradução, n.º17; ed. Sempre-em-Pé, 2012)