(Será que as últimas palavras cairão entre nós? Era uma vez um poema - o leitor, porém, ficava cada vez mais para trás...)
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
"Docemente", de Maria Teresa Horta
Docemente
disponho dos teus braços
dos peixes que navegam
docemente
Docemente
disponho em minha face
a faca dos teus olhos
docemente
Docemente
canso, disponho do cansaço
primeiro do teu afago
docemente
Docemente
afago, a tua boca apago
e vou negando a minha
docemente
disponho dos teus braços
dos peixes que navegam
docemente
Docemente
disponho em minha face
a faca dos teus olhos
docemente
Docemente
canso, disponho do cansaço
primeiro do teu afago
docemente
Docemente
afago, a tua boca apago
e vou negando a minha
docemente
(in Poesia Reunida)
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
"Um problema de arte poética", de Francisco José Viegas
É um destino complicado: ou és poeta ou
preferes o trabalho do romancista.
Ou te entregas ao diálogo, à descrição,
à narração pausada e medida
como um instrumento rigoroso,
ou te deixas tocar pelo silêncio.
preferes o trabalho do romancista.
Ou te entregas ao diálogo, à descrição,
à narração pausada e medida
como um instrumento rigoroso,
ou te deixas tocar pelo silêncio.
(in O Puro e o Impuro)
(Pela tua mão, fui conduzido àquelas quatro prateleiras. De um livro agarrado de forma quase aleatória, seleccionei à pressa estes versos - só para poder afirmar (e com isso sentir um especial contentamento) que, neste dia, o poemapossivel se fez ao teu lado).
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
(Leituras no silencioso limiar da noite)
(...)
Nada é tão veloz talvez como a imobilidade
o máximo de voz é o silêncio
o melhor gesto ainda é o pensamento
e nada há mais eterno que o momento
que a mão que embora fuja fica como uma definição
um sorriso por vezes a mais funda negação do riso
e em muitos gestos a tristeza é como um rio que começa
gestos que intensamente negam a vida que afirmam
e um rosto de inocência e alegria significa malícia ou melancolia
(...)
Nada é tão veloz talvez como a imobilidade
o máximo de voz é o silêncio
o melhor gesto ainda é o pensamento
e nada há mais eterno que o momento
que a mão que embora fuja fica como uma definição
um sorriso por vezes a mais funda negação do riso
e em muitos gestos a tristeza é como um rio que começa
gestos que intensamente negam a vida que afirmam
e um rosto de inocência e alegria significa malícia ou melancolia
(...)
Ruy Belo
(excerto do poema "Meditação no limiar da noite", in Todos os Poemas, vol. III)
sábado, 5 de setembro de 2009
(Mais longínqua)
(Mais difícil, mais longínqua, a poesia. Ainda assim, parece-me possível. Poucos os livros - bagagem necessária mas pesada, mercadoria ou luxo; o desfolhar das páginas ecoando no excessivo silêncio louco da noite; a consciência das paisagens áridas próximas. Difícil e longínqua. Mas uma voz chegará, de longe, de muito longe, e interromperá - eu sei - a solidão).
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