segunda-feira, 31 de agosto de 2009
(Sabe que fico com a cabeça leve)
para a AJ
Quando me dá as boas-vindas
De braços bem abertos
Sinto-me como aqueles viajantes que regressam
Das longínquas terras de Punt.
Tudo se muda; o pensamento, os sentidos,
Em perfume rico e estranho.
E quando ela entreabre os lábios para beijar
Fico com a cabeça leve, fico ébrio sem cerveja.
(in Poemas de Amor do Antigo Egipto, tradução de Hélder Moura Pereira)
sábado, 29 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
"Rescaldo", de Jorge de Amorim
Lábios exaustos.
Nomeiam
o fogo calcinado.
Nomeiam
o fogo calcinado.
(in Os Oráculos)
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Fragmento de poema de Ruy Belo
(...)
Eu amo-te mais do que o mar a areia
e busco-te com mais impaciência
do que a que ele próprio põe quando a procura
e a possui e perde pela maré cheia
(...)
Eu amo-te mais do que o mar a areia
e busco-te com mais impaciência
do que a que ele próprio põe quando a procura
e a possui e perde pela maré cheia
(...)
(versos do poema "Ao regressar episodicamente a Espanha, em Agosto de 1534, Garcilaso de La Vega tem conhecimento da morte de Dona Isabel Freire", in Todos os Poemas, vol. III)
"Minha senhora de mim", de Maria Teresa Horta
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
recusando o que é desfeito
no interior do meu peito
minha senhora
de mim
sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
recusando o que é desfeito
no interior do meu peito
(in Poesia Reunida)
terça-feira, 25 de agosto de 2009
"O Canto", de Jorge de Amorim
Como o mundo pesa.
E o pesar
do mundo.
E o pesar
do mundo.
(in Os Oráculos)
"As janelas", de Konstandinos Kavafis
Nestas salas escuras, onde vou passando
dias pesados, para cá e para lá ando
à descoberta das janelas. - Uma janela
quando abrir será uma consolação. -
Mas as janelas não se descobrem, ou não hei-de conseguir
descobri-las. E é melhor talvez não as descobrir.
Talvez a luz seja uma nova subjugação.
Quem sabe que novas coisas nos mostrará ela.
dias pesados, para cá e para lá ando
à descoberta das janelas. - Uma janela
quando abrir será uma consolação. -
Mas as janelas não se descobrem, ou não hei-de conseguir
descobri-las. E é melhor talvez não as descobrir.
Talvez a luz seja uma nova subjugação.
Quem sabe que novas coisas nos mostrará ela.
(in Os Poemas)
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
"Brinquedos para homens", de Carlos Drummond de Andrade
Embora eu seja adulto,
não me seduzem os brinquedos eletrônicos
que a moda, irônica, me oferece.
E excogito:
Que brinquedo inventar para o adulto,
privativo dele, sangue e riso dele,
brinquedo desenganado mas eficiente?
Tenho de inventar o meu brinquedo,
mola saltando no meu íntimo,
alegria gerada por mim mesmo,
e fácil, fluida, pluma,
pétala.
Sem o pedir às máquinas e aos deuses,
que cada um invente o seu brinquedo.
não me seduzem os brinquedos eletrônicos
que a moda, irônica, me oferece.
E excogito:
Que brinquedo inventar para o adulto,
privativo dele, sangue e riso dele,
brinquedo desenganado mas eficiente?
Tenho de inventar o meu brinquedo,
mola saltando no meu íntimo,
alegria gerada por mim mesmo,
e fácil, fluida, pluma,
pétala.
Sem o pedir às máquinas e aos deuses,
que cada um invente o seu brinquedo.
(in Amar se aprende amando)
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Dois versos de Carlos Drummond de Andrade
à AJ
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.
(versos do poema "O mundo é grande", in Amar se aprende amando)
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
sábado, 1 de agosto de 2009
"O primeiro degrau", de Konstandinos Kavafis
A Teócrito queixava-se
um dia o novo poeta Euménès;
«Há dois anos que escrevo
e apenas fiz um idílio.
É a minha única obra completada.
Ai de mim, é alta vejo,
muito alta a escada da Poesia;
e deste primeiro degrau onde estou
não subirei nunca pobre de mim.»
Disse Teócrito: «Estas palavras
são impróprias e blasfémias.
E se estás no primeiro degrau, deves
ser orgulhoso e feliz assim.
Aqui onde chegaste, não é pouco;
quanto fizeste, grande glória.
Este mesmo primeiro degrau
dista muito das pessoas comuns.
Para pisares este primeiro degrau
tens de ser por direito próprio
cidadão da cidade das ideias.
E é muito difícil nessa cidade
e raro que te naturalizem.
Na sua ágora encontras Legisladores
que não pode burlar nenhum aventureiro.
Aqui onde chegaste, não é pouco,
quanto fizeste, grande glória.»
um dia o novo poeta Euménès;
«Há dois anos que escrevo
e apenas fiz um idílio.
É a minha única obra completada.
Ai de mim, é alta vejo,
muito alta a escada da Poesia;
e deste primeiro degrau onde estou
não subirei nunca pobre de mim.»
Disse Teócrito: «Estas palavras
são impróprias e blasfémias.
E se estás no primeiro degrau, deves
ser orgulhoso e feliz assim.
Aqui onde chegaste, não é pouco;
quanto fizeste, grande glória.
Este mesmo primeiro degrau
dista muito das pessoas comuns.
Para pisares este primeiro degrau
tens de ser por direito próprio
cidadão da cidade das ideias.
E é muito difícil nessa cidade
e raro que te naturalizem.
Na sua ágora encontras Legisladores
que não pode burlar nenhum aventureiro.
Aqui onde chegaste, não é pouco,
quanto fizeste, grande glória.»
(in Os Poemas)
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