quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"Amor, é um arder, que se não sente", de Abade de Jazente

Amor, é um arder, que se não sente;
É ferida, que dói, e não tem cura;
É febre, que no peito faz secura;
É mal, que as forças tira de repente.

É fogo, que consome ocultamente;
É dor, que mortifica a Criatura;
É ânsia a mais cruel, e a mais impura;
É frágua, que devora o fogo ardente.

É um triste penar entre lamentos;
É um não acabar sempre penando;
É um andar metido em mil tormento.

É suspiros lançar de quando, em quando;
É quem me causa eternos sentimentos;
É quem me mata, e vida me está dando.

(in 366 Poemas que Falam de Amor; org. de Vasco Graça Moura)

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